sábado, 11 de maio de 2013

“A unção, de novo, e sua incrível dificuldade birrenta”


“A unção, de novo, e sua incrível dificuldade birrenta”
(Quorsum haec tam putida tendunt?)


A expressão entre parênteses acima é de Horácio antigo filósofo grego, que Erasmus Desiderius cita, colocando-a nos lábios murmurantes de ouvintes chocados, em seu clássico livro ‘Elogio da Loucura’, obra de fundo cômico que investindo contra o obscurantismo dogmático e a superstição generalizada alcançou notoriedade mundial.
Sua sátira acrimoniosa lançou feroz ataque também contra a igreja cristã de seu tempo, seus ensinamentos, crendices, ignorância e mundanismo característico de ‘tolos convencidos de que podem comprar não apenas todas as bênçãos e prazeres desta vida, como também o céu, depois da morte, e, por puro amor ao lucro imundo, os clérigos encorajam-nos em seus erros’1.
Os livros têm seus destinos, já disse alguém. E qual não é minha surpresa ao verificar a contemporaneidade do livro do humanista de Roterdã, que certamente goza do destino dos bons livros, que nos instigam, nos incomodam e nos obrigam a ir mais adiante.
Mas há daqueles, lá como cá, que não se adiantam, mesmo com os Livros, antes insistem ainda em dificuldades birrentas como a da unção, ela novamente, que vem abrir à força meus ouvidos pasmos fazendo minha boca murmurosa repetir: qual (quando) será o fim de semelhante necedade?
Mas birrenta como é, a unção sempre germina da ‘garganta profética’ de algum paladino desavisado (ou mal intencionado?), defendendo como de costume profetas, reverendos, santidades, ministros, bispos ou apóstolos (ainda não vencemos a ostentação e magnificência pomposa dos títulos eclesiásticos honoríficos) que por puro amor nem sempre pela igreja ou por Cristo valem-se das benesses de sua arrogada posição e condição ‘ungida’ corroborando o deslize embirrado da unção quase sempre para validar práticas e doutrinas estranhas ou escusar-se de comportamento pouco ético e bem distante da Sagrada Escritura (temos Livro!). Se não devemos generalizar, para sermos politicamente correto, reconhecemos exceções, entretanto exceções só confirmam a regra...
Se outrora uma ênfase na santificação exigia perfeição moral completa ou parcial também e principalmente desses ‘líderes ungidos’, hoje ‘um realizar excitante’ mesmo que moralmente comprometido é satisfatório. Se ‘ungidos especiais’ comprometem a sã doutrina, a dignidade humana, a ética entre seus pares, isso é sem importância, afinal eles fazem e acontecem. Será aceitável o comprometimento do preceito bíblico (o Livro de novo...), da decência e da moral frente a um pragmatismo eclesiástico utilitário? Parece que sim!
Dentro da tradição que pertenço ‘para ser pastor local, só era preciso ser reconhecido como tal na congregação e gozar de boa reputação. A congregação reconhecia o pastor com base nos dons que exercia... Não pensavam que a ordenação de uma pessoa proporcionava-lhe, de algum modo, a graça (unção especial) necessária para desempenhar seu ministério’2.
Diferente disso o intransigente ‘ungido intocável’, aquela bizarra autoridade espiritual suprema que imprime sucessivamente sua vontade e só a sua ambição sempre imposta pela pretensa unção divina, firma-se em meio a um verdadeiro ‘vedetismo pastoral’3. Nada mais estranho para uma democracia batista, onde ‘os indivíduos não se reduzem a objetos [lucrativos] para o poder [eclesiástico] constituído, mas são co-responsáveis e co-participantes desse poder, em forma de co-gestão’.
Textos como 1º Samuel 24.6; 1º Crônicas 16.22 e Salmo 105.15 são frequentemente citados e alardeados como base de sustentação para a unção especial de certos indivíduos.
Ureta falando sobre Unção do Espírito destaca que a expressão é pouco usada no Novo Testamento, entretanto:
No Antigo Testamento, a unção tinha uso restrito. Eram ungidos profetas, sacerdotes e reis, numa espécie de ato consagratório para uma atividade especifica. “Com esse rito [a unção], o ungido é colocado à parte, feito participante da esfera divina. Pode apresentar-se diante de Deus em nome do povo, e atuar como um representante de Deus 4

Eichrodt, no prólogo à quinta edição revisada de seu livro Teologia do Antigo Testamento realça sumariamente que os escritos do AT dão testemunho “não de um corpo doutrinal perfeito, senão de uma realidade divina que vai se revelando na história”5 e esse avanço sendo acatado por Ureta o leva a destacar considerando o NT, que com relação aos crentes (2ª Coríntios 1.21; 1ª João 2.20,27) a unção diversamente do AT não se restringe mais a alguns poucos escolhidos. Ladd esclarece que
Este novo aspecto da ação interior do Espírito é contrastado com a obra do Espírito na antiga dispensação. A obra mais notável do Espírito, no Antigo Testamento, foi um “ministério oficial”, i.é., o Espírito dotou certas pessoas, porque elas preencheram ofícios particulares na teocracia e a pessoa que estava no oficio necessitava de energia do Espírito para seu trabalho oficial. O símbolo para esta outorga oficial do Espírito era a unção com óleo6.

Citando João 14.16,17 Ladd finaliza afirmativamente dizendo que esse privilégio é agora de todo o povo de Deus, não somente de alguns líderes oficiais.
O leitor atento poderia argumentar que Ureta ao citar Paulo força o texto (2ª Coríntios 1.21) que evidentemente não faz referencia a unção comum a todos os cristãos. Clines7 comentando o versículo considera que a qualificação de Silas, Timóteo e do próprio Paulo para um ministério cristão especifico (no caso de Paulo o apostolado) é que está em questão. Entretanto diferente da visão que deficientemente se adota enfatizando uma doutrina do Espírito que exclui a unção irrestrita a todo cristão não se processa na linguagem paulina, nela em especial, o Espírito é pessoa poderosa, transcendente e ativa que habita em todos os crentes e os move (Romanos 8.9,11, 14; 1ª Coríntios 3.16; 6.19; Gálatas 5.16,18), é derramado sobre eles (Romanos 5.5), é bebido por todos eles que os enche (1ª Coríntios 12.13; Efésios 5.18).
Conquanto Paulo se considere ungido, ‘feito participante da esfera divina’ e ‘capacitado com poder do céu’ (2ª Coríntios 1.1; 3.6), sua unção nunca é apresentada em detrimento de outros cristãos, na passagem de 2ª Coríntios 1.21, Paulo se mostra confiável e constante, pela graça que também lhe alcançou, a um grupo rebelde que não lhe reconhecia. Mesmo ali ‘sua autoridade básica se origina do evangelho que ele recebeu a missão de anunciar, não do direito de sua missão em si’8. O apóstolo bem entendeu que qualquer pensamento ou prática diferente disso impossibilitaria o ‘espaço que permita que o povo de Deus funcione como um sacerdócio, cada um trazendo seus dons a Deus e um ao outro mutuamente’9 (1ª Coríntios 12.1-31). 
Assim não se pode equivocadamente enfatizar apenas o aspecto veterotestamentario da unção onde certamente o ‘Espírito dotou certas pessoas, porque elas preencheram ofícios particulares na teocracia e a pessoa que estava no oficio necessitava de energia do Espírito para seu trabalho oficial’ por ser um enfoque reduzido e potencialmente alienante; Brunotte10 tratando do verbete Ungir destaca que no NT a unção também consistia em cuidado do corpo (Mateus 6.17), sinal de honra a um hóspede (Lucas 7.38,46; João 11.2; 12.3); honra aos mortos (Marcos 16.1); ação curativa (Marcos 6.13; Tiago 5.14). Müller, abordando o mesmo verbete e evocando seu sentido religioso e simbólico propõe que no NT a ‘unção é metáfora para a outorga do Espírito Santo, de poder especial, de uma comissão divina... Os cristãos (todos eles), ao serem ungidos, são feitos membros legítimos da promessa da aliança’.   
Pedro respondendo a indagação de alguns judeus bem se expressou dizendo: ‘Abandonem o pecado, voltem para Deus, e cada um de vocês seja imerso pela autoridade de Yeshua, o Messias, para o perdão de seus pecados, e vocês receberão o dom do Ruach Hakodesh! Porque a promessa é para vocês, para seus filhos e para todos os que estão longe – para todos quantos Adonai, nosso Deus, chamar!’ (Atos 2.38,39 – Novo Testamento Judaico). A dádiva do Espírito não se restringe a alguma ordem de ‘especiais’, é certo que a atribuição dos dons do Espírito é circunscrita ao seu desejo pessoal (1ª Coríntios 12.11), contudo os dons não criam uma divisão espiritual de inferiores e superior dentro do corpo de Cristo. Paulo em bela expressão afirma que sujeição opressiva nada tem haver com o Espírito do Senhor (2ª Coríntios 3.17).
Acirrada e assanhada a ‘unção dos especiais’ grassa uma vez que não distinguimos claramente os princípios hermenêuticos associados com a Reforma. O que vemos é uma interpretação ‘altamente “espiritualizante” das Escrituras’, principalmente do AT, que não respeita o sentido claro, simples e evidente das Escrituras e seu caráter histórico. Bem se compreende o desassossego de Erasmus, um católico, percebendo os problemas decorrentes de uma leitura bíblica que não alcançava ou desprezava o seu sentido histórico, literal e original. Do livre exame (precioso princípio reformado) desatinamos para a livre interpretação sempre pessoal, subjetiva e aleatória. Os reformadores sempre levaram em consideração o que havia de melhor na tradição exegética da igreja antiga. Quanto a nós, parece que sempre queremos uma nova instrução revelada de preferência a algum ungido especial que está fazendo proezas. A expressão ‘Sem Ele nada podemos fazer’ aplica-se ao super ungido e o que vemos são impérios pessoais, construídos sobre a crendice supersticiosa de broncos persuadidos de que podem comprar não apenas todas as bênçãos e prazeres desta vida, como também o céu, depois da morte, e, por puro amor ao lucro imundo, seus ungidos encorajam-nos em seus erros. Quorsum haec tam putida tendunt?       













  1. ERASMO, D. Elogio da Loucura. Os Grandes Clássicos da Literatura. Volume III. São Paulo/SP: Editora Novo Horizonte S/A. pg 108.

  1. DRIVER, J. Contra a Corrente. Ensaios de Eclesiologia Radical. Campinas/SP: Editora Cristã Unida, 1994. pg 46.

  1. YAMABUCHI, A K. Uma análise do Movimento G-12. Reflexões de um Pastor Batista. In Rumo e Prumo. 4ª edição. Publicação da CBESP e da OPBB-SP: 2006. pg 117.

  1. URETA, F. Elementos de Teologia Cristã. Rio de Janeiro: JUERP, 1995. pg 50.

  1. EICHRODT, W. Teologia do Antigo Testamento. São Paulo: Hagnos, 2004. pg 10.

  1. LADD, G E. Teologia do Novo Testamento. 1ª edição - São Paulo: Exodus, 1997. pg 279, 280.

  1. CLINES, D J A. 2ª Coríntios. In: Comentário Bíblico NVI: Antigo e Novo Testamento. São Paulo: Editora Vida, 2009. pg 1932.     

  1. HAWTHORNE, G F; MARTIN, R P; REID, D G; Dicionário de Paulo e suas Cartas. São Paulo: Edições Loyola, 2008.

  1. FEE, G D. Paulo, o Espírito e o Povo de Deus. Campinas/SP: Editora United Press, 1997. pg 208.

  1. BRUNOTTE, W; MÜLLER, D. “Ungir”. In: Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento. 2ª edição. São Paulo: Vida Nova, 2000. pg 2568.

“O FASCINIO DO PODER”


“O FASCINIO DO PODER”             Pastor Barbosa Neto


Estas coisas, irmãos, apliquei-as figuradamente a mim mesmo e a Apolo, por vossa causa, para que por nosso exemplo aprendais isto: não ultrapassar o que está escrito; a fim de que ninguém se ensoberbeça a favor de um em detrimento de outro. Pois quem é que te faz sobressair? E que tens tu que não tenhas recebido? E, se o recebeste, por que te vanglorias, como se o não tivesse recebido?” ( I Coríntios 4.6-7).

O ser humano encontra-se contaminado pelo vírus da grandeza. Ninguém está imune a esse agente contagioso e são poucos, pouquíssimos, aqueles que conseguem soro satisfatório para neutralizar seus efeitos letais. A necessidade de prestígio tem financiado táticas ardilosas de distinção para levar muita gente encurtada no auge da fama, do realce, do aparecer... Isto é muito sério!...

Ninguém gosta do ostracismo nem do lugar comum. A burguesia é vulgar demais para o estilo elevado da alta nobreza. Todos nós sofremos com os micróbios invisíveis deste macro dimensionamento, pois há uma tendência inata na raça humana pelo pódio.

O pecado da espécie adâmica é assinalado por um desejo teomaníaco de consideração. No fundo do desempenho reside uma vontade de ser reconhecido. Mesmo a atuação mais ingênua corre o risco da arrogância. A humildade pode ser uma máscara para ocultar os sentimentos disfarçados da importância humana. Pensem nisso. Todos os dias eu enfrento algum anseio de elevação ou alguma carência de reconhecimento. O pecado me deixou obcecado pelo quesito da estima. Esse é um dos quocientes que mede o meu valor perante a opinião pública.

Todos nós somos pessoas carentes, por isso, os elogios se prestam para negociar com a nossa estima no mercado da apreciação. Quando alguém fala bem de mim, percebo que estou em perigo! Sou muito vulnerável a esse jogo do poder que me faz reconhecido diante da plateia. A minha valorização no conceito dos outros é uma tática que me mantém escravo de um bom julgamento. Anotem bem isso.

O apóstolo Paulo indaga: “Pois que é que te faz sobressair?”. Se você e eu somos pessoas únicas, essa singularidade é uma dádiva de Deus. Todos nós somos o resultado da seleção divina, e ninguém consegue ir além do que lhe foi concedido. Vejamos como João Batista vê esse ponto: “O homem não pode receber coisa alguma se do céu não lhe for dado” (João 3.27).

Ora, se alguém consegue se destacar nas atividades do Reino de Deus, deve esse realce tão-somente à graça. Tudo o que somos como filhos de Deus é consequência dessa graça imerecida! A pergunta do apóstolo é: o que você tem que não tenha ganhado?... E o rei Davi responde: “Riquezas e glórias vêm de ti, tu dominas sobre tudo, na tua mão há força e poder; contigo está o engrandecer e a tudo dar força” (I Crônicas 29.12). Que maravilha!

Deus é a causa primária de todas as coisas, mas Ele não é a origem do pecado. A vontade é um atributo natural do ser humano, entretanto o desejo de ser como Deus é uma aberração desse atributo. Deus fez Adão e Eva como seres humanos à sua semelhança, sendo assim, não havia probabilidade de o gênero humano ser Deus. Esse desejo de ser como Deus é a fonte da rebeldia pecaminosa.

A contaminação do pecado desandou com a raça adâmica. Somos uma espécie rebelada e viciada pelo poder. O deslumbramento por grandeza, distinção e poder é uma como cachaça maluca na existência de cada componente da humanidade. Observem o exemplo do rei Tiro: “Filho do homem, levanta uma lamentação contra o rei de Tiro e dize-lhe: Assim diz o Senhor Deus: Visto que se eleva o teu coração, e dizes: Eu sou Deus, sobre a cadeira de Deus me assento no coração dos mares, e não pasas de homem e não és Deus, ainda que estimas o teu coração como se fora o coração de Deus” (Ezequiel 28.2).

Nós não gostamos da inviabilidade. Ser uma pessoa insignificante é complicado para a valorização da personalidade. Viver no camarote escondido da plateia é algo muito difícil para quem busca os aplausos. Todos nós gostamos dos holofotes e ninguém vive sem algum espectador! Ser um zé-ninguém , um zero à esquerda ou uma sombra no escuro é qualquer coisa insuportável para uma espécie interesseira. Nós gostamos de nos exibir. Sei que estou sendo severo demais em minhas palavras, mas elas exalam verdades! Difícil é aceitá-las, bem o sei! Mas deixemos que elas toquem as nossas feridas. Remédio amargo sempre é o melhor e mais eficiente, já nos pontifica os mais antigos.

A religião – o termo é este mesmo – é um terreno fértil para essa casta que gosta de ostentar suas qualidades. Vejamos o que registrou Lucas, o médico amado: “O fariseu, posto de pé, orava de si para si mesmo desta forma: Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros, nem ainda como este publicano” (Lucas 18.11). Aqui está outra prova desta atitude enfatuada de excepcionalidade. Não é coisa natural o afastamento natural voluntário do palco. Temos muita necessidade de nos apresentar no show da vida  e é extremamente complexo tolerar a discrição. Viver no anonimato é uma arte que só as pessoas que trazem as estigmas da cruz poderão suportar!

Nesse mundo das apreciações é assaz importante você se sentir importante quando alguém se importa com a sua importância! Mas aí se encontra o perigo. Herodes foi alvejado quando “o povo clamava: É voz de um deus, e não de homem! No mesmo instante, um anjo do Senhor o feriu, por ele não haver dado glória a Deus, e, comido de vermes, expirou”(Atos 12.22-23). A ‘voz do povo’, não é a voz de Deus! Muito cuidado! Diz a Palavra que, “no mesmo instante” os bichos tomaram conta da sua carcaça. Guarde esta solene lição no mais profundo do seu coração!

Um homem mortal que tenta se passar por Deus não tem alternativa, senão se tornar gororoba de gusano. O pecado incha o ego a tal ponto que não há estrutura capaz de conter uma soberba como essa. Nunca se coloque no lugar que Deus não lhe proporciona sustentáculo, por simples vaidade!  Não nos esqueçamos, jamais, da suficiência das Sagradas Escrituras, para nos dar amparo para os anseios do nosso coração! O egoísmo é a obesidade dos desejos presunçosos. Não nos esqueçamos disso, jamais!

O problema é que o poder egoísta, muitas vezes, vem disfarçado de simplicidade e o adjetivamos, por nossa livre recreação,  de chamada vocacional vinda do Senhor! A grande ameaça do poder não é sua badalação, mas a sua sutileza. Por trás de muitos gestos e atitudes aparentemente inocentes e espirituais, reside uma grande necessidade de vanglória. Paulo indaga: “E, se o recebeste, por que te vanglorias, como se o não tiveras recebido?” (I Coríntios 4.7).

Jesus nunca aceitou ser um sensacionalista nem fez qualquer coisa com o objetivo de ser famoso. Quando realizava um sinal maravilhoso, normalmente, pedia às pessoas beneficiadas que não divulgassem o acontecimento. Por exemplo, na cura de um leproso: “Ordenou-lheJesus que a ninguém o dissesse, mas vai, disse, mostra-te ao sacerdote e oferece, pela tua purificação, o sacrifício que Moisés determinou, para servir de testemunho ao povo”. (Lucas 5.14). Jesus trabalhava em silêncio sem qualquer propaganda. Ele não procurava promover-se por meio de seu ministério, mas cuidava das pessoas com o fim de torná-las inteiras, sendo tudo feito para a glória do Pai. A obsessão pelo poder na liderança cristã é uma afronta ao estilo de servo, encarnado por Jesus. Ele mesmo disse: “O Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos” (Marcos 10.45).           

Além das sutilezas do poder das realizações e da imagem ainda temos o lance do poder espiritual. É muito comum hoje em dia a fé ser usada como um instrumento de dominação. O moderno empowerment da fé, isto é, a atribuição de poder inerente à fé é um dos grandes contratempos da saúde emocional da igreja contemporânea. A fé na fé é um deslocamento perigoso que se tem dado à questão do poder. Sabemos, biblicamente, que o poder é um atributo de Deus. Não há poder na fé, assim como não há poder na lâmpada. A energia está no gerador e a lâmpada revela o poder do motor. O poder espiritual é a ponte de relacionamento com Deus, onde a fé é conectada à fonte. Eis aqui o correto.

Muitas vezes nós queremos mostrar que somos pessoas de grande fé para recebermos o reconhecimento dos nossos observadores e pares. Com certeza é uma precipitação contarmos os feitos de Deus realizados através de nossa instrumentalidade, uma vez que as pessoas têm tendência de pagar o cachê àqueles que são visíveis. É preciso muita cautela na divulgação dos sinais da fé, pois podemos embolsar a glória que pertence somente a Deus.

Ainda no terreno do poder espiritual podemos ganhar pontos pessoais quando tentamos exibir a humildade como predicado particular. Mas nada é mais falso do que uma humildade alardeada. Aquele ou aquela que pretende demonstrar a sua humildade acaba contaminando-a com a sua própria vaidade. A humildade é aquela qualidade que você a perde quando percebe que a tem. Toda exteriorização de humildade se constitui numa falência dessa virtude. A humildade está relacionada com a total dependência do homem para com Deus, por isso só Deus sabe quem é realmente submisso a Ele e dependente Dele. Muitos gostam de demonstrar algo que eles acham que é humildade, a fim de angariar créditos para sua pessoa.

Mas a cruz é o único meio capaz de despejar a intenção de poder. O poder é uma coisa fascinante para o ser humano, e nós queremos comprovar o nosso poder a qualquer custo. Li, certa vez, alhures, que “podemos falar interminavelmente sobre o fascínio do poder para o bem em oposição ao poder para o mal. Mas há muito tempo já se sabe que, seja qual for a motivação, o poder pessoal pode corromper, e a luta pelo poder em si mesmo quase sempre cria conflitos que provocam a destruição ou aniquilação de outrem”. É verdade.

Vejamos as palavras do salmista em sua profundidade: “Uma vez falou Deus, duas vezes ouvi isto: Que o poder pertence a Deus (Salmo 62.11). Deus falou apenas uma vez, mas ele ouviu duas! Precisamos ouvir muito bem a voz de Deus, que possamos estar cientes e conscientes que o poder pertence tão-somente a Deus! Que possamos aprender algumas lições nessas assertivas aqui expostas para que não nos deixemos envolver com o fascínio do poder!

Que no Senhor Deus nos abençoe, ricamente, em Nome de Jesus! Amém!         


quarta-feira, 31 de outubro de 2012

NOTA DE FALECIMENTO


 A Associação das Igrejas Batistas da Alta Paulista vem informar o falecimento do Pastor SANDRO WILLIAM DA SILVA, que pastoreou a Igreja Batista de Parapuã – SP, durante um longo período.

Nossos corações se encontram tristes pela perda de um grande lutador que, com grande determinação, enfrentou muitos momentos de incríveis dificuldades sabendo superar cada um destes momentos mantendo fé firme no Deus da sua salvação.

Pastor Sandro deixa esposa (irmã Marizete) e um filho do coração recentemente adotado. Deixa também uma Igreja que aprendeu a amá-lo, respeitá-lo e seguir sua direção.

Na Associação deixou sua marca de participação ativa, com fortes opiniões e sugestões. Seu trabalho foi reconhecido pelos Pastores e Igrejas que compõem esta Associação e pela cidade onde exercia o seu ministério.

Cabe aqui uma menção de honra ao Pastor Sandro.

Como Presidente desta Associação me sinto agradecido a Deus por ter tido a oportunidade de conhece-lo e de ter convivido com ele por este breve período.

Nossa oração e pedido a Deus é que Ele conforte sua esposa, filho, parentes, Igreja e amigos.   

Pastor Rinaldo Moraes

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

DEUS ESTA IRADO. TEXTO REV. PAULO FONTES

Eu tenho afirmado que Deus está irado com a humanidade. Mas, por que Deus está irado? Paulo diz que uma das razões pelas quais Deus está irado com a humanidade é porque os homens “detêm a verdade pela injustiça” (Romanos 1.18). O verbo “deter” deve ser entendido nesta passagem com o sentido de sufocar, reprimir, suprimir. Então, Paulo está dizendo que Deus está irado porque os homens, deliberadamente tentam sufocar e suprimir a verdade que Deus lhes transmitiu na criação, a respeito de si mesmo. Quando Deus criou todas as coisas Ele o fez de tal modo que a criação foi também revelação.
Ao criar o homem à sua imagem e semelhança, Deus imprimiu revelação de si mesmo no ser humano. Calvino chamou isto de “senso da divindade” Deste modo o homem já nasce com o conhecimento daquele que o fez. Trata-se de um conhecimento de Deus que é inato e inerente à constituição da alma humana. Isto significa que todas as pessoas, de todas as épocas e lugares têm uma intuição íntima de que Deus existe, e de que Ele é o seu Criador.
Uma das evidências deste senso da divindade que Deus imprimiu no ser humano é o que Calvino chamou de “semente da religião”. Calvino ensinou que o homem é por natureza um ser religioso porque Deus plantou em seu coração a semente da religião. Em qualquer sociedade humana, de qualquer lugar, época ou cultura, haverá sempre um elemento religioso. E é exatamente esta a consciência inata da existência de Deus que tem levado todas as culturas em todas as épocas, a desenvolverem suas religiões.
Mas Paulo ensina que além desta consciência íntima de que Deus existe, a humanidade encontrará também, no restante da criação, evidências claras de que Deus existe, e de que Ele é sábio, poderoso, rico, generoso, bondoso e amoroso. Paulo diz que “os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas” (Romanos 1.20)
É disto que o salmista está falando quando diz que “os céus proclamam a glória de Deus” (Salmo 19.1) ou “A terra, SENHOR, está cheia da tua bondade” (Salmo 119.64). Ou ainda “toda a terra está cheia da sua glória” (Isaias 6.3) Cada folha de árvore, cada inseto, cada pássaro, cada estrela do céu, ou qualquer outro elemento da criação está dizendo: “Deus existe e me criou”. A beleza de um floco de neve, o majestoso poder de uma tempestade, a habilidade de uma abelha, o paladar prazeroso de uma fruta, enfim, a diversidade, a beleza e a riqueza que contemplamos e das quais desfrutamos neste universo criado por Deus são proclamações a respeito da sabedoria, da riqueza, da bondade e da generosidade do Criador.
Deste modo o homem já nasce com o conhecimento daquele que o criou. Todas as pessoas, de todas as épocas e lugares têm uma intuição íntima de que Deus existe, e de que Ele é o seu Criador. Além disso, fomos colocados num mundo no qual é impossível ignorar a Deus. Esbarramos Nele o tempo todo. O problema da humanidade não é não saber que Deus existe. O problema é que os homens desprezam o Deus que sabem que existe. O problema não é intelectual. O problema é moral. A humanidade odeia Deus e faz de tudo para banir Deus de sua vida. Deus está irado e com toda razão.
Rev. Paulo Fontes

ACAMPAMENTO JUBAP 2013!!!VOCÊ NÃO PODE PERDER

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